“GARÇONETE”: UM GRITO DE LIBERDADE, COM BOM HUMOR

Jenna (Keri Russell) é uma garota sufocada por prisões que ela mesma criou para si. Ela cria e cozinha tortas que deliciam a todos, poderia abrir seu próprio restaurante, mas prefere se submeter a um patrão grosseiro, trabalhando como garçonete. É bonita e inteligente, mas vive submetida a Earl (Jeremy Sisto), um marido possessivo que a trata como lixo. Desconhecedora de seu potencial como profissional e mulher, talvez nem a própria Jenna saiba por que tanta resignação – e nem é intenção do roteiro discutir isso – mas o fato é que a jovem garçonete, logo na primeira cena do filme, fica sabendo que finalmente terá um motivo para buscar rumos totalmente diferentes em sua vida: um filho. E filho muda tudo!
Misturando elementos cômicos e dramáticos, “Garçonete” narra com eficiência e fluidez o drama de uma mulher que não sabe a própria força que tem. É uma espécie de crônica contra o imobilismo, um pequeno grito de liberdade que emana de um restaurantezinho perdido numa esquina qualquer do interior dos EUA, mas que tem poder de ecoar por todos os cantos. É a velha história de ser universal sem sair do seu quintal. O roteiro bem tramado e a direção sóbria e segura encontram respaldo numa ótima galeria de coadjuvantes, todos não apenas bem construídos como também muito bem interpretados, representando tipos humanos dos mais curiosos. Cada um deles daria um outro filme.
A nota triste de “Garçonete”, porém, fica por conta da diretora e roteirista Adrienne Shelly, morta em novembro de 2006, pouco tempo depois de concluir o filme. Ela foi assassinada por um operário da construção civil, após ter discutido com ele por causa do barulho causado por uma reforma em seu prédio. Adrienne também atua como atriz no filme, no papel da garçonete tímida que busca o homem ideal em anúncios classificados.
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GARÇONETE (Waitress) EUA, 2006. Direção de Adrienne Shelly. Com Keri Russell, Nathan Fillion, Cheryl Hines, Adrienne Shelly, Jeremy Sisto, Andy Griffith.