“GAROTO CHIFFON”, A FORÇA DESTRUIDORA DA INSEGURANÇA.

Por Celso Sabadin

Claude Chabrol já havia investigado a força destrutiva dos sentimentos exacerbados de posse no ótimo “Ciúme, o Inferno do Amor Possessivo”, de 1994. Agora, o cinema francês nos brinda novamente com o mesmo tema, mas com um estilo bem diferenciado, em “Garoto Chiffon”, segundo longa dirigido por Nicolas Maury.

Mais conhecido como ator em filmes como “Um Amor Necessário” e “Faca no Coração”, Maury também escreve (em parceria com Maud Ameline e Sophie Fillières) e vive o papel principal deste seu “Garoto Chiffon”. Ele interpreta Jérémie Meyer, um jovem ator mergulhado até o pescoço em suas próprias inseguranças. Seus ciúmes doentios o levam a situações extremas como, por exemplo, instalar uma câmera de segurança no apartamento do namorado e outros atos que, como não poderia deixar de ser, em nada ajudam na absoluta instabilidade emocional do rapaz.

Maury é perfeito em sua incorporação de fragilidade. Constrói com talento um personagem que inspira ao mesmo tempo vários sentimentos conflitantes, de indignação à vontade de pegar no colo. Tangencialmente, o roteiro sugere – felizmente com sutileza – a possibilidade do superprotecionismo de sua mãe (Nathalie Baye, ótima) ser um dos principais fatores causadores das hesitações do protagonista.

“Garoto Chiffon” não se propõe a despejar explicações, muito menos a tirar coelhos das cartolas das resoluções simplistas, o que confere ao filme uma bem-vinda sensação de obra que se completa dentro de cada um de nós.

O filme já está em cartaz nos cinemas.