“GRETA”, COM ENTREGA E DIGNIDADE.

Por Celso Sabadin.
 
A peça teatral “Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no Irajá”, que Fernando Melo escreveu nos anos 1970, é a base de inspiração de “Greta”, longa metragem de estreia do cineasta cearense Fernando Praça.
 
No filme, Marco Nanini interpreta Pedro, um enfermeiro que se aproveita da situação de decadência e descaso do hospital onde trabalha para prestar e receber favores sexuais de alguns dos pacientes ali internados. Até o dia em que ele conhece Jean (Demick Lopes), um interno acusado de assassinato, e o leva para casa, burlando a pouca segurança do hospital. Inicia-se entre ambos uma relação de amor e ódio, de revelações e dependências, de crises e paixões exacerbadas.
Ainda que algumas cenas de sexo beirando o explícito possam incomodar os mais conservadores, “Greta” tem como ponto forte a sensibilidade de sua narrativa, que prioriza a humanização de seus bem construídos personagens sem julgá-los ou vitimizá-los. A condição homossexual, se já é difícil num país de mentes fechadas como o nosso, torna-se ainda mais problemática na terceira idade. E neste contexto Nanini se agiganta na tela, emprestando verdade, dignidade e entrega em doses generosas ao seu personagem. Tudo potencializado por uma fotografia esmaecida que sublinha as dores e dificuldades da situação.
Só não é convincente a presença de Denise Weinberg no papel de travesti, mas releva-se a questão em função de qualidades maiores.
 
Armando Praça tem formação em sociologia, e trabalhou como assistente de direção, roteirista e preparador de elenco de vários diretores brasileiros como, Marcelo Gomes, Karim Ainouz, Márcia Faria, Sérgio Rezende, Halder Gomes, Rosemberg Cariry, entre outros. Entre seus curtas e médias estão A Mulher Biônica (exibido no festival de curtas metragens de Clermont Ferrand), O Amor do Palhaço, Origem: Destino e Parque de Diversões.
 
Saiba mais sobre cinema em www.planetatela.com.br