Harry Potter e o Cálice de Fogo

Natal é tempo de espera. Há quem espere pelo Show do Roberto Carlos na Globo, pelo Papai Noel, ou pelo novo filme da Xuxa. Nos últimos anos muitos passaram a esperar pelo Senhor dos Anéis, mesmo sabendo que seria uma espera com final programado. De 2001 para cá, as crianças (e, por que não, os adultos também) já estão se acostumando com um novo “Papai Noel”: Harry Potter. Com a diferença que ele não vem todos os anos, como o bom velhinho. Harry Potter é um Papai Noel meio bissexto, que aparece à vezes sim e às vezes não para fazer a alegria das crianças, adolescentes e donos de cinema.
Os três primeiros filmes da franquia (de 2001, 2002 e 2004) já renderam, somados, US$ 2,6 bilhões no mundo inteiro, “apenas” US$ 300 milhões abaixo da soma da trilogia O Senhor dos Anéis. Mas com uma brutal diferença: J.R.Tolkien morreu em 1973, enquanto J.K. Rowling ainda é uma jovem quarentona, viva e faturando.
Em meio a este emaranhado de dólares, a boa notícia é que o quarto filme da série – Harry Potter e o Cálice de Fogo – não deixa a peteca cair. O novo diretor (Mike Newell, o mesmo de (Quatro Casamentos e um Funeral) soube dar continuidade ao universo mágico de Rowling, e os fãs do bruxinho e sua turma não vão se decepcionar ao curtir as aventuras do quarto ano de estudos na insubstituível escola Hoghwart. É claro que, assim como já havia acontecido nos três primeiros filmes, os personagens (e os atores) estão crescendo junto com o seu público. Agora, já há espaços para flertes (afinal Potter está com 14 anos), emoções mais maduras, mais tensas, e até para o doloroso contato com a morte. Harry Potter e o Cálice de Fogo dá prosseguimento à luta de Harry contra o seu maior oponente, o Mestre das Trevas Lord Voldemort, vivido por Ralph Fiennes, quase irreconhecível sob uma pesada maquiagem. Mas agora ele está mais próximo e mais forte do que nunca. Desta vez, seu instrumento de aproximação e ataque está escondido debaixo de uma mega competição entre escolas, que poderá abrir os portais do mal absoluto. Melhor não falar mais sobre a história.
Fazendo um contraponto mais leve, há uma divertida e interessante sub-trama que envolve os problemas “insolúveis” da pré-adolescência. Harry, Hermione e Ron, que podem ser imbatíveis quando o assunto é magia, mistérios do desconhecido ou quadribol, pela primeira vez se vêem às voltas com o apavorante baile escolar, atividade que envolve o aprendizado da dança, o convite a pessoas do sexo oposto e – claro – a tão temida introdução ao mundo adulto.
Tudo isso regado ao maravilhoso espetáculo visual que esta série de filmes proporciona desde 2001. Direção de arte, figurinos, cenários, concepções visuais, tudo, incluindo os efeitos digitais, está cada vez mais apurado em Harry Potter.