“HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO” É RETRATO SIMPLES, BELO E SENSÍVEL DA ADOLESCÊNCIA.

Menos é mais. Talvez esta seja a expressão que melhor defina “Hoje eu Quero Voltar Sozinho”, estreia mais do que bem-vinda do diretor Daniel Ribeiro no longa-metragem. Com simplicidade e segurança, Ribeiro mostra os dilemas e as descobertas de três adolescentes no difícil período de explosão da sexualidade.

Leonardo (Ghilherme Lobo) e Giovana (Tess Amorim), amigos desde a infância, se veem às voltas com as eternas questões da adolescência – o primeiro beijo, quem vai ficar com quem, etc – quando a chegada na escola de um aluno novo, Gabriel (Fabio Audi), ameaça balançar a antiga amizade.
Estas poucas linhas de sinopse, porém, são traiçoeiras: o filme é muito, muito mais que isso. E falar sobre a história seria estragar a sua poesia.

Mais do que simples e seguro, como foi dito acima, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” é terno e poético. Segurança sem sensibilidade não faz um bom cinema, e a estreia de Ribeiro é, sim, cinema da melhor qualidade. O filme sabe como buscar – e encontrar – a essência dos seus personagens, ao mesmo tempo em que se mostra hábil ao fugir dar armadilhas desgastadas que este tipo de tema poderia proporcionar. Uma excelente direção de atores e uma câmera próxima nos colocam praticamente de imediato no cerne das questões vividas pelos personagens, e muito rapidamente o espectador se vê envolvido com seus medos, desejos e dilemas. Com bom humor.

O longa é o desenvolvimento do curta “Hoje eu Quero Voltar Sozinho”, do mesmo diretor, premiado e aplaudido em festivais por todo o país. Confesso que temi pelo longa, acreditando que ele pudesse ser apenas um “curta esticado”. Felizmente meus temores eram totalmente infundados, e é marcante como Ribeiro conseguiu desenvolver novas situações para seu filme, sem diluir de forma alguma a força da dramaturgia que envolve o trio central de protagonistas.

“Hoje eu Quero Voltar Sozinho” ganhou dois prêmios no Festival de Berlim deste ano: o Teddy Bear e a premiação da Fipresci, que reúne os críticos internacionais. Mais que isso, a boa repercussão que o filme obteve naquele festival assegurou sua distribuição em 14 países, incluindo Estados Unidos, França, Alemanha, Itália e Reino Unido.