HUPPERT BRILHA NOVAMENTE EM “A DONA DO BARATO”.

Por Celso Sabadin

Fãs de cinema – principalmente francês – conhecem bastante a excelente Isabelle Huppert, geralmente interpretando papeis de personalidades fortes, invariavelmente duras, ou até mesmo insensíveis, e por vezes possuidoras de um cortante sarcasmo.

Menos frequentemente, ela envereda pela comédia, também com ótimos resultados. É o caso do delicioso “A Dama do Barato”, coprodução franco-belga que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta, 23/09.

Aqui, ela interpreta Patience, uma francesa fluente no idioma árabe que trabalha como tradutora para a polícia em investigações secretas. Ah, sim, claro, como o filme é franco-belga, todos os traficantes e criminosos são árabes, como não poderia deixar de ser na visão racista eurocêntrica amplamente disseminada pelo cinema dominante. Mas vamos em frente: ao descobrir – através de suas escutas telefônicas – que a polícia está na pista de um jovem traficante que é filho da doce e atenciosa cuidadora de sua mãe, Patience se envolve em um mirabolante e divertido plano para tentar salvar o rapaz, sem perder o emprego.

O roteiro (indicado ao César) é do próprio diretor – Jean-Paul Salomé (o mesmo de “Arsène Lupin: O Ladrão Mais Charmoso do Mundo”) – a partir do livro “La Daronne”, de Hannelore Cayre, que fez um bom sucesso na Europa.

“A Dama do Barato” prova mais uma vez que é possível fazer uma boa comédia – espirituosa, hilariante, crítica e ao mesmo tempo humana – com inteligência e refinamento.