“IMPÉRIO DO CRIME” E A OBSESSIVA CULTURA DO SUCESSO A QUALQUER PREÇO.

Por Celso Sabadin.

Logo na cena de abertura, as sombras esticadas e expressionistas de uma bela loira correndo, fugindo, assustada, nos corredores do submundo de uma luta de boxe, ao som de uma trilha instrumental vibrante, já dá o tom do que será visto em “Império do Crime”: um noir típico, marcante e representativo, mesmo tendo sido produzido em 1955, momento em que o gênero já perdia fôlego.

Com a força do texto de Philip Yordan – que já havia sido indicado ao Oscar  por “Dillinger” – o roteiro de “Império do Crime” retrata novamente um dos temas mais recorrentes do cinema noir: o do poderoso criminoso de colarinho branco que, travestido de “homem de bem” dentro de sua sociedade, jamais é criminalizado porque tem o cuidado de sempre “apagar” as eventuais provas que surgem contra ele. E claro que para cada um destes mafiosos sempre existirá um detetive ousado e quixotesco em busca da justiça. Pelo menos nos filmes.

Aqui, o grande mafioso é Mr. Brown (o ítalo-americano Richard Conte, que depois viveria o papel de Barzini no clássico “O Poderoso Chefão”), que será bravamente combatido pelo tenente Diamond, interpretado por Cornel Wilde, nome artístico do ator húngaro Kornel Lajos Weisz. Apesar do que esta brevíssima sinopse acima possa sugerir, “O Império do Crime” não se presta a maniqueísmos. Embora incorruptível, Diamond mantém um duvidoso relacionamento de interesses com a prostituta Rita (papel pequeno mas marcante de Helene Stanton, cantora que fez apenas 7 filmes nos anos 50 e depois abandonou a carreira), enquanto Brown, com seu sorriso congelado e enigmático que sugere insanidade, tem seus atos impulsionados por uma obsessiva (e, digamos, norte-americana) necessidade de ser o primeiro lugar em tudo o que faz, deleitando-se em humilhar cruelmente qualquer “loser”.

Repare, no papel de Fante, num jovem Lee Van Cleef, que faria sucesso como um dos vilões mais marcantes dos wesrterns.

A direção é de Joseph Lewis, o mesmo de “Trágico Álibi”, “Mortalmente Perigosa”, e que depois – assim como vários de seus colegas – seguiria carreira como diretor de seriados de TV.

O filme está no volume 10 da coleção Filme Noir, da Versátil.