“INCONTROLÁVEL” ENTREGA A AVENTURA QUE PROMETE.

A velha fórmula dos filmes-catástrofe dos anos 70 está de volta. Com força total, muito talento e técnica, além da direção eficiente de Tony Scott, o mesmo de Top Gun – Ases Indomáveis e do recente O Sequestro do Metrô 123.

Para quem não viu ou não se lembra, o cinema comercial americano da década de 1970 foi marcado por grandes produções que exploravam cinematograficamente as mais diversas situações-limite que pudessem colocar em risco máximo a maior quantidade possível de pessoas. Eram os chamados filmes-catástrofe. São daquela época os marcantes Inferno na Torre, O Destino do Poseidon, Terremoto e toda a série Aeroporto. O próprio Spielberg bebeu um pouco desta fonte – e a aprimorou – com seu genial Tubarão.

Agora, Tony Scott recicla o estilo com o eletrizante “Incontrolável”, história incrivelmente baseada em fatos reais sobre um trem sem maquinista que dispara a toda velocidade pelo interior dos EUA, carregado de produtos explosivos, levando pânico por onde passa. Como sempre, é neste tipo de situação que surge o heroi (quase) solitário, o homem com a coragem suficiente para ir contra tudo e contra todos em busca da solução que ele – e só ele – julga a mais correta. Podem chamar de clichê. Podem chamar de de estilo. Tanto faz. Mas é exatamente dentro deste molde que Scott desenvolve uma filme de altíssima tensão, que faz o espectador grudar na poltrona talvez não da primeira, mas das primeiras cenas até o desfecho.

Para isso, “Incontrolável” conta com pelo menos dois grandes méritos. Primeiro: mesmo durante o transcorrer de uma trama criada para ser ágil e turbinada, o roteiro soube como construir e aprofundar seus personagens para a criação da necessária empatia que provoca a torcida do espectador. E quando o papel principal é do sempre carismático Denzel Washington, o universo conspira a favor. Segundo: um fantástico trabalho de montagem e edição de som.

Claro, as velhas fórmulas estão todas ali, mas é inegável que o filme cumpre religiosamente o que promete: ação incessante, de tirar o fõlego, numa produção de alto nível. Puro entretenimento, mas de qualidade.

Sugestão: procure ver também “Expresso para o Inferno”, que Andrei Konchalovsky dirigiu em 1985.