INTENSO “CICATRIZES” CHEGA AO VOD.

Por Celso Sabadin.

As primeiras cenas de “Cicatrizes” já causam um incômodo estranhamento: pai, mãe e filha adolescente preparam o que supostamente seria um café da manhã corriqueiro. Mas Ana, a mãe, parece ser um corpo estranho no lugar, pairando desconexa e isoladamente no pequeno núcleo familiar.

Aos poucos – e bem aos poucos – o verdadeiro conflito vai sendo apresentado: ninguém mais suporta Ana (Snezana Bogdanovic, ótima), que se vê cada vez mais solitária e perturbada em sua obsessiva luta de tentar descobrir o verdadeiro paradeiro do filho que teve há 18 anos. E que nunca viu.

O silêncio, a desinformação e a solidão são os grandes algozes de Ana. Insistente e incansável em sua busca pela verdade – seja ela qual for – ela agora é vista como um estorvo tanto pela polícia como pelo hospital onde nasceu seu filho, como pela sua própria família. Ninguém mais parece interessado em remoer o passado. Ninguém na verdade consegue alcançar o grau de sofrimento de uma mãe.

Com total sobriedade narrativa, o diretor Miroslav Terzic consegue filmar a dor. Uma dor inspirada em acontecimentos reais de uma Sérvia que ainda não cicatrizou as feridas de suas guerras recentes, e que tem no tráfico de crianças uma de suas grandes chagas. O roteiro é de Elma Tataragic, também roteirista da produção da Macedônia “Deus é Mulher e Seu Nome é Petúnia”, recentemente em cartaz por aqui.

Intenso e dolorido, “Cicatrizes” foi selecionado para a competição oficial do Festival de Berlim, onde ganhou o Prêmio do Júri Ecumênico e o Prêmio Guild, oferecido pelos exibidores alemães.

Disponível no NOW – VOD: R$ 14,90/ Est: R$ 29,90 e no VIVO PLAY – VOD: R$ 11,90.