INTRIGANTE, NORUEGUÊS “HAPPY, HAPPY” ESMIÚÇA RELAÇÕES AMOROSAS.

por Celso Sabadin.

Sempre há algo de intrigante nos filmes feitos nos países nórdicos. Existe neles um clima de certa frieza, uma energia escondida por debaixo de carapaças que parecem querer explodir a qualquer momento, uma emoção represada, um grito preso na garganta que gera uma eterna e exasperante sensação de medo e tensão. Um clima que, cinematograficamente, me agrada bastante.

O norueguês “Happy, Happy” não é diferente. Trabalhando basicamente com apenas seis atores (sendo duas crianças), o filme mostra dois casais – já emocionalmente instáveis – que se desestabilizam ainda mais quando passam a ser vizinhos. A mudança de Elisabeth e Sigve para a casa vizinha de Kaja e Eirik chacoalha ainda mais as desequilibradas relações emocionais de todos, numa paisagem dominada pelo frio e pelas grandes distâncias.

É curioso observar como a visão e o comportamento escandinavos sobre as relações amorosas se mostram bem diferentes das reações passionais e exacerbada de nós, latinos. Pelos menos considerando o filme como parâmetro, pois nunca estive por ali para observar pessoalmente. A visão da diretora e corroteirista Anne Sewitsky causa um intrigante estranhamento, um peculiar questionamento sobre compromissos, amores e fidelidade, tudo emoldurado por uma neve incessante e um gelo contrastante com o fervor que corrói os protagonistas.

Num toque de crueldade a mais, vê-se, paralelamente, a estranha relação de um garotinho loiro que quer brincar com um garotinho negro. Sua proposta? Brincar de escravo….

Escolhido pela Noruega para representar o país no Oscar 2012 (o filme é de 2010), “Happy, Happy” é intriga, envolve faz pensar. O que não é pouco.