“INTRUSO”, À PROCURA DO SUSPENSE.

Por Celso Sabadin.

Tensa, uma família acomodada na sala de uma casa espaçosa e confortável uma espera por algo. Ou alguém. A campainha toca. Um homem misterioso (Eriberto Leão) entra e é conduzido a um  quarto especialmente preparado para ele, “na penumbra, conforme solicitado”, pelo próprio dono da casa. A tensão aumenta. Quem seria este homem? Por que ele causa tanto incômodo? Por que ninguém se rebela? É o que “Intruso” tentará revelar (ou não) nos próximos 80 minutos.

Escrito e dirigido por Paulo Fontenelle, “Intruso” segue a linha da narrativa teatral/claustrofóbica bastante presente em suspenses de qualidade como “Horas de Desespero” (tanto versão de 1955 como a de 1990), “A Morte e a Donzela” ou mesmo no recente longa brasileiro “O Banquete”, entre outros. Retoma-se também algo da tragédia grega no sentido de buscar uma ação, um tempo e um espaço.  São filmes que procuram segurar o público em suas poltronas através de intrigantes roteiros e magnéticas interpretações, quesitos que “Intruso” acaba não apresentando.

“Intruso” teve uma trajetória acidentada antes de chegar ao circuito. Rodado em 2007, em apenas doze dias, em Itaipava, região serrana do Rio de Janeiro, o longa foi realizado com recursos próprios do diretor. Sem verba para as então muito caras finalização e cópias em película, o longa ficou parado, e é agora viabilizado graças à tecnologia digital.

Após tanto tempo “não tenho ideia de como será a recepção do público”, afirmou Fontenelle, diretor e roteirista  de “Apaixonados”, “O Divã a 2”, “Se Puder… Dirija”, “Sobreviventes – Os Filhos da Guerra de Canudos” e  “Evandro Teixeira – Instantâneos da Realidade”.

Tendo no elenco, Danton Mello, Genezio de Barros, Lu Grimaldi, Juliana Knust, Karla Muga, Charles Daves e Ingrid Clemente,  “Intruso” foi escolhido  Melhor Filme pelo Júri Popular no Rio Fantastik Film Festival em 2016.