“JASON BOURNE” NÃO DIZ A QUE VEIO.

Por Celso Sabadin.

Identidade, Legado, Ultimato, Supremacia… são tantos os títulos para a franquia Bourne que o quinto longa da série preferiu simplificar e chega aos cinemas somente com o nome do protagonista: “Jason Bourne”. Podia ser “Jason Reborn”, pois é incontável o número de vezes que o heroi “quase” é pego, ou “quase” morre, ou se finge de morto.

Não deixa de ser curioso também o fato dele se chamar Jason, já que na mitologia grega, Jasão foi um príncipe deposto do trono paterno pelo seu próprio tio, Pélias, que temia ser morto pelo sobrinho. Pélias, porém, deu uma chance a Jasão: o trono lhe seria restituído se ele conseguisse cumprir a missão, tida como impossível, de buscar uma vestimenta de ouro num lugar distante. Jasão, construiu, então uma embarcação, com a qual se meteu numa série infindável de viagens aventureiras e tarefas heroicas em busca da tal vestimenta e a consequente restituição de sua coroa de príncipe.

Não que tenha muito a ver com o roteiro do filme, mas há semelhanças com missões difíceis de serem cumpridas e no temor de Pélias em ser morto por alguém da família, da mesma forma que a CIA morre de medo de ser destruída pelo seu ex-agente que, afinal, foi da “família”. Família, aliás, que volta a ser tema nesta quinto episódio, onde o pai de Jason terá importância fundamental.

Mas fora toda esta subtrama mitológica típica de crítico de cinema que adora viajar nos mais diversos sabores de maionese, “Jason Bourne” não traz muitas novidades. Pensando mais profundamente, ele pouco diz a que veio. Mesmo com a direção sempre eletrizante e a câmera documental (cuidado, pode provocar enjoos) de Paul Greengrass, mesmo com a presença sempre bem-vinda de Tommy Lee Jones, o filme não consegue esconder a mesmice de seu roteiro e o seu chover no molhado. Sim, tudo o que se espera de um produto desta franquia está lá, incluindo as belas locações pela Europa, as fugas espetaculares, as traições e contra-traições da turma da CIA e tudo mais. Mas é indisfarçável a sensação de mais do mesmo. Principalmente na longa cena final da perseguição de carros pelas ruas de Las Vegas, que soa excessiva e abusa do direito da inverossimilhança cinematográfica.

14 anos depois do primeiro filme, a franquia Bourne dá claros sinais de cansaço.  Estreia em 28 de julho.