“JESSICA FOREVER”: BRUTALIDADE X HUMANISMO.

Por Celso Sabadin.

Pode-se dizer que Jessica (Aomi Muyocké) é uma espécie de, digamos assim, assistente social da era apocalíptica. Ela recolhe, acolhe e protege meninos órfãos com carinho, dedicação, amor, bombas e metralhadoras. Uma heroína dos nossos tempos violentos, mesmo porque os garotos que ficam sob sua proteção tampouco têm nada de sossegados: são pequenos contraventores, excluídos, vítimas de uma sociedade injusta, autoritária e arbitrária. Como a própria Jessica, aliás.

“Jessica Forever” é a estreia no roteiro e na direção de longas da dupla Caroline Poggi e Jonathan Vinel. Produzido pela França, e claramente direcionado ao mercado internacional, o filme mistura drama com suspense, aventura, e pitadas de ficção científica, e tem conseguido bons resultados em festivais especializados em cinema fantástico e/ou independente, participando das mostras competitivas de Toronto e Sitges, e recebendo um prêmio especial do júri no Indie Lisboa.

Competente e estiloso, “Jessica Forever” sintoniza-se com a contemporaneidade ao repaginar para as novas audiências a eterna luta entre o humanismo e a brutalidade. Cada vez mais presente na pauta do dia, por sinal.