“JESUS KID” BUSCA O RISO ATRAVÉS DO PICARESCO.

Por Celso Sabadin.

Depois de “O Cheiro do Ralo” (Heitor Dhalia, 2006), “Natimorto” (Paulo Machline, 2009) e “Quando eu Era Vivo” (Marco Dutra, 2014), novamente a obra sempre ácida do escritor paulistano Lourenço Mutarelli ganha uma adaptação para o cinema. Desta vez, trata-se da História em Quadrinhos “Jesus Kid”, publicada pela primeira vez em 2000.

O responsável pela adaptação é o diretor e roteirista Aly Muritiba, de “A Gente” (2013) e “Para Minha Amada Morta” (2015), entre outros longas, curtas e séries para TV. A aposta é arriscada: nem sempre o sutil sarcasmo muito particular de Mutarelli funciona bem na tela.

A trama fala de Eugênio (Paulo Miklos, vivendo aqui o alter-ego de Mutarelli), que interpreta o escritor alternativo autor dos quadrinhos “Jesus Kid”. Ao receber a proposta de transformar sua obra em filme, Eugênio acredita que fará um bom negócio, mas logo percebe estar lidando com um produtor e um diretor interessados apenas no sucesso comercial do provável filme, o que bate de frente com suas aspirações autorais. Mesmo assim, totalmente necessitado do dinheiro, ele aceita, dando início a um verdadeiro calvário artístico, intelectual e existencial.

“Jesus Kid”, o filme, procura o riso através de um humor picaresco, que lança mão da linguagem burlesca de comédias televisivas, esbarrando nos tradicionais teatros de revista, sempre à procura de uma comunicação mais direta e rápida com o grande público. E, consequentemente, menos sutil. O elenco conta ainda com as presenças de Sérgio Marone (vivendo o próprio Jesus Kid), Maureen Miranda, Leandro Daniel, Luthero Almeida, Fábio Silvestre e Otávio Linhares, entre outros.

O longa estreou ontem, 19/8 na competição oficial do 49º Festival de Gramado.