“JOGO DE PODER” EXPÕE OS PERIGOSOS DESMANDOS DA ERA BUSH.

Diretor do primeiro filme da cinessérie “Bourne” e produtor dos dois subsequentes, Doug Liman não empolgou muito quando dirigiu “Sr. e Sra. Smith” e “Jumper”. Porém, agora ele dá a volta por cima ao produzir e dirigir o vibrante “Jogo de Poder”.

A partir dos livros “The Politics of Truth”, de Joseph Wilson, e “Fair Game: My LIfe as a Spay, My Betrayal by the White House”, de Valerie Plame Wilson, “Jogo do Poder” narra a história real da agente da CIA Valerie Plame (Naomi Watts). A ação começa pouco após os atentados de 11 de setembro de 2001, momento em que o governo Bush precisa partir para o contra-ataque. Seja ele qual for. A agente Valerie faz parte de uma equipe altamente especializada da inteligência americana, que prova que o Iraque não tem armas de destruição em massa. Porém, mesmo com todas as evidências contrárias, os EUA invadem a terra de Saddam, o que provoca a total indignação do ex-embaixador Joe Wilson (Sean Penn, fantástico), marido de Valerie, que inicia uma campanha de conscientização da população contra os desmandos de Bush. A retaliação da Casa Branca será vingativa e cruel.
“Jogo de Poder” não é um simples thriller político, e está longe de ser um mero entretenimento. Com diálogos rápidos e repletos de informações, o filme exige concentração total do público. Nada de pipoca! Sua narrativa ágil chega a lembrar o ótimo “Munique”, de Spielberg. Um de seus principais méritos está no roteiro, que procura em todos os momentos a participação e a atenção efetivas do espectador, evitando a pura e simples exposição passiva e/ou documental dos fatos. Ou seja, como dizia Diogo Vilela em seu espetáculo “Solidão, a Comédia”, trata-se de um “filme de prestar atenção”.
Também é notável a habilidade da direção em transitar com total desenvoltura do político-social para o humano e pessoal. “Jogo de Poder” emociona tanto pela forte indignação que provoca contra os mais altos escalões do poder, quanto pelo drama pessoal que se estabelece na família de Valerie e Joe. Ou seja, é talentoso ao mesmo tempo como thriller político e como drama familiar. Para isso, fundamenta-se num excelente elenco onde se destacam não apenas a sempre eficiente Naomi Watts, como um Sean Penn cada vez melhor. O time de coadjuvantes também é de primeira linha, dando-se ao luxo de incluir Sam Shepard numa participação meteórica, como o pai de Valerie.

Doug Liman evita que seu filme caia na armadilha fácil de ridiculizar George W. Bush, o que seria redundante para um personagem já tão ridículo. E como não poderia deixar de ser “Jogo de Poder” foi um grande fracasso de bilheteria nos EUA, não faturando sequer a metade de seu custo. Nada mais previsível para um povo que detesta ver suas mazelas expostas.