“JOGOS MORTAIS V”: O ASSUNTO ACABOU, O FILME CONTINUOU.

Todo mundo já deve ter passado por aquela situação constrangedora, numa festa, por exemplo, onde a graça já acabou, mas o sujeito continua contado a piada. É a mesma sensação que se tem ao ver “Jogos Mortais V”: não havia mais nada a ser dito, mas mesmo assim alguém fez mais um filme.

Neste quinto e desnecessário episódio, vemos que os agentes Strahn (Scott Patterson) e Hoffman (Costas Mandylor) são os únicos sobreviventes do massacre promovido pelo maníaco Jigsaw (Tobin Bell, cada vez mais parecido com Hector Babenco), no final do episódio anterior. Porém, Strahn não se conforma com o fato de Hoffman ter sobrevivido sem ferimentos à matança, e começa a investigar. Assim, o que era uma série de terror muito bem imaginada, desenvolvida e produzida em seus dois primeiros filmes, acaba se transformando em mais um (quem agüenta?) filminho de policial investigando policial.

Sim, os sádicos jogos de matança (que Jigsaw prefere chamar de “redenção”) continuam, sanguinolentos e assustadores como sempre, mas perdeu-se completamente o envolvente clima de horror presente nos primeiros episódios. Todos os atores – sem exceção – estão especialmente careteiros e exagerados, dignos de uma novela colombiana (as mexicanas são melhorzinhas) e a trilha sonora – incessante do início ao fim – parece um CDzinho de sons assustadores que eu comprei na 25 de Março para a Festa de Halloween dos coleguinhas da escolinha dos meus filhos.

Um verdadeiro caça-níqueis dirigido por David Hackl, que havia sido diretor de segunda unidade e desenhista de produção de episódios anteriores da franquia, e que faz aqui sua estréia efetiva na direção de um longa. Aliás, no quesito “caça-níqueis” David até que se deu bem: “Jogos Mortais V” faturou US$ 30 milhões logo no seu primeiro final de semana de exibição nos EUA. É muito níquel pra pouco filme.