“JORNADA DA AGONIA”, UM PODEROSO NOIR A SER (RE) VISTO.

Por Celso Sabadin.

Às vezes, por falta de um grande elenco midiático ou de um diretor de primeiríssima linha, ótimos filmes acabam indo para a prateleira dos esquecidos. É o caso de “Jornada da Agonia”, de 1948, longa que reúne, com muito vigor, praticamente todos os marcantes elementos do cinema noir, mas que não conseguiu alçar à categoria dos grandes clássicos do gênero. Merece revisão.

Dirigida por Lewis Seller, com argumento de Kenneth Earl, toda a trama é contada em flashback pelo boxeador Mike Angelo (Dane Clark), que recorda sua acidentada trajetória enquanto toma uma monumental surra no ringue. Sensível e tranquilo, ele queria apenas tornar-se um pintor na pacata cidadezinha litorânea em que vivia, mas quis o destino que Mike se envolvesse com a bela Laurie (a canadense Alexis Smith, cujo último trabalho foi em “A Época da Inocência”, de Scorsese), sem saber o tamanho da encrenca que o aguardava. É em busca deste amor impossível que o jovem boxeador vai acabar se envolvendo com Rex Durant (o eterno vilão Zachary Scott), um inescrupuloso empresário do submundo do boxe.

Femme fatale, traições, segredos, fotografia em preto e branco de tirar o fôlego, personagens pluridimensionais, romance, tiroteios, conflitos os mais diversos, produção da Warner… “Jornada da Agonia” é o tipo do filme que não fica devendo nada para o fã do que há de melhor em termos de cinema noir.  Porém, como Dane Clark não é Humphrey Bogart, Alex Smith não é Faye Dunaway, Kenneth Earl não é Raymond Chandler e Lewis Seller não é Orson Welles, o filme não conseguiu, na história, um o destaque merecido. Que o resgatem as novas plataformas de exibição digital.