“JORNADA DA VIDA”: BOAS INTENÇÕES.

Por Celso Sabadin
 
Histórias “fofas” sobre superação e busca pela identidade, ainda mais envolvendo crianças, sempre têm potencial para gerar filmes, no mínimo, recebidos com boa vontade. Com “Jornada da Vida” não seria diferente. Mesmo sem ser genial (longe disso), o longa escrito e dirigido por Philippe Godeau (muito mais atuante como produtor que como diretor) vem carregado de boas intenções.
 
A trama aborda o improvável encontro entre Seydou Tall (Omar Sy), um famoso ator francês de origem africana, e Yao (Lionel Louis Basse), um jovem estudante de uma pequena vila no interior do Senegal. O roteiro explora o conhecido tema dos opostos, traçando paralelos entre estas duas vidas a princípio tão diferentes entre si (riqueza x pobreza, urbanidade x ruralidade, misticismo x ceticismo, etc), mas ligadas pela mesma identidade africana. Adicione-se a isto uma pitada da estética road-movie, com direito a personagens que entram e saem das vidas dos protagonistas como fugazes paisagens estradeiras e – voilá! – temos mais um filme que pretende discutir o colonialismo, mas que é escrito, dirigido e produzido pelo colonizador.
 
O roteiro até traz boas ideias embutidas aqui e ali, mas a direção pouco segura derrapa em várias oportunidades do ritmo da narrativa, fazendo com que “Jornada da Vida” acabe se apoiando basicamente na presença sempre carismática de Sy. Bem intencionado, porém irregular.