“LA LA LAND”: SIMPÁTICO.

Por Celso Sabadin.

Nestes nossos tempos midiáticos, é incrível a capacidade que uma premiação tem de transformar filmes “legaizinhos” em grandes fenômenos cinematográficos. É o caso de “La La Land”, atraente trabalho do roteirista e diretor Damien Chazelle (o mesmo do vigoroso “Whiplash”) que tem chamado a atenção da mídia em função do grande número de prêmios e indicações que vem obtendo.

O resultado pode ser decepcionante. Não pelo filme em si que tem, sim, muitas qualidades, mas pela desproporção da grande expectativa causada. Antes de mais nada, vale dizer – ou advertir: trata-se de um musical à moda antiga, daquele que as pessoas param tudo o que estão fazendo para sair cantando e dançando pelas ruas. O gênero, da mesma forma que é cultuado por muitos, e igualmente rejeitado por outros. Quem gosta de musicais ao estilo Gene Kelly tem mais chances de gostar de “La La Land”, e quem não gosta não vai ser com este filme que vai começar a gostar.

Admito que passei a maior parte do filme incomodado com várias perguntas: por que fazer um musical à moda antiga nos dias de hoje? Homenagem? Por que contar – novamente – a velha história da garota do interior que quer fazer sucesso em Hollywood? Nostalgia? Se a ideia é homenagear o estilo, por que as coreografias são tão fracas? Para não evidenciar que talvez não existam mais talentos dançantes tão expressivos como os da época da Metro? Para não expor as claras limitações do elenco? Por que utilizar tantas e repetidas vezes o recurso teatral de todas as luzes se apagarem em volta de quem começa a cantar? Falta de criatividade?

Todas estas perguntas – e outras – me colocaram na sessão de imprensa (lotadíssima, é claro) numa posição defensiva. Aos poucos, o texto desta crítica ia se desenvolvendo em minha mente, pelo lado negativo. Deixei-me encantar somente pelos aspectos estéticos de “La La Land”, como sua direção de arte, figurinos, fotografia e movimentos de câmera que explicitamente reverenciam e referenciam grandes momentos dos musicais norte-americanos. Até que em determinado momento da trama algo muda; os ventos batem diferente e caminha-se para um final sólido e bem resolvido que faz o filme crescer bastante. Não a ponto de justificar toda a badalação midiática em torno dos prêmios que ele tem conquistado (e que com certeza irá conquistar), mas o resultado final é gratificante.

A estreia é nesta quinta, 19 de janeiro.