“LÁ VAMOS NÓS”, UMA PEQUENA JOIA.

Por Celso Sabadin.

Um pequeno poema filmado sobre o amor paterno. Assim pode ser definido o sensível “Lá Vamos Nós”, coprodução ítalo-israelense que estreia nos cinemas nesta quinta, 4 de novembro.

Na briga dos pais, quem sofre é o filho. Separado, o casal antes formado por Aharon (Shai Avivi) e Tamara (Smadi Wolfman) discorda diametralmente sobre qual deva ser o destino do filho autista, Uri (Noam Imber, ótimo). A mãe acredita que o melhor seria interná-lo numa instituição especializada; o pai se julga capaz de cuidar dele sozinho. O garoto prefere fugir da realidade da discussão mergulhando em filmes de Charlie Chaplin. Quando a justiça dá ganho de causa à mãe (não é spoiler), o pai opta pela saída desesperada de fugir com Uri.

Misturando elementos de drama familiar e road movie, “Lá Vamos Nós” tem o gigantesco mérito de, em momento algum, cair na facilidade das armadilhas sentimentais que o tema geralmente proporciona. Não há heróis, não há vilões, e tudo é conduzido com extremas sobriedade e afetividade pelo diretor Nir Bergman, a partir do roteiro enxuto de Dana Idisis.

“Lá Vamos Nós” foi indicado a 10 premiações pela Academia Israelense de Cinema, tendo recebido quatro: direção, roteiro, ator (para Shai Avivi) e ator coadjuvante para Noam Imber.

Um filme de rara preciosidade.