“LAMPIÃO, GOVERNADOR DO SERTÃO” POLEMIZA E ATUALIZA O IMAGINÁRIO POPULAR. .

Por Celso Sabadin.

Temas polêmicos e intrigantes nunca saem da pauta. O cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, é um deles. Passados 85 anos de sua morte, haveria ainda algo mais a ser dito sobre ele? O cineasta cearense Wolney Oliveira prova que sim. Em seu sexto longa metragem – “Lampião, Governador do Sertão” – Wolney passa a limpo não somente a enigmática figura de seu biografado, como também os mecanismos do cangaço, fenômeno brasileiro dos mais importantes, e que geralmente é estudado muito mais pelo viés folclórico que pelo social.

Assumindo uma postura observativa e neutra, “Lampião, Governador do Sertão” faz desfilar diante dos nossos olhos uma riquíssima gama de depoimentos dos mais conflitantes entre si que, ao alimentar a polêmica, só fazem crescer ainda mais o interesse pelo personagem. Compõem este rico mosaico tanto estudiosos e historiadores como remanescentes do próprio cangaço, em depoimentos gravados em diferentes tempos históricos. O escritor Ariano Suassuna, filho do governador da Paraíba que na época combatia Lampião, proporciona um molho muito especial a este caldo cultural que – sabiamente – não tem a pretensão de fechar a questão sobre o heroísmo ou banditismo de Virgulino. A dúvida é sempre mais dramatúrgica e cinematográfica

Riquíssimas imagens documentais de arquivos somadas a cenas de importantes filmes ficcionais sobre o tema tecem uma linha narrativa paralela que ilustra e complementa o longa com inspiração e entusiasmo. Mais que isso, “Lampião, Governador do Sertão” atualiza o personagem, ao discorrer sobre sua importância contemporânea não somente para o imaginário cultural nordestino e brasileiro, como também para as indústrias das artes, do turismo e do entretenimento.

Trazendo 77 filmes de 34 países, o Festival É tudo Verdade prossegue até 14 de abril em São Paulo e Rio de Janeiro. A programação completa está em etudoverdade.com.br

É tudo verdade, e é tudo gratuito.