LANÇADO EM DVD, “COPACABANA” TRAZ UMA ISABELLE HUPPERT DIFERENTE… E SEMPRE GENIAL.

Babou (Isabelle Huppert) é uma mulher de meia idade incapaz de aceitar as convenções sociais. Não consegue emprego, está sempre sem dinheiro, seu comportamento é imprevisível, e recusa qualquer atitude que ela acredite ser burguesa. Tanto que nunca utiliza seu verdadeiro nome – Elizabeth – por achar “muito Rainha da Inglaterra”. Mesmo não tendo saldo no banco sequer para consertar seu velho carro, Babou acalenta um sonho: conhecer o Brasil. Sempre o Brasil, este símbolo que permanece no inconsciente coletivo mundial como sendo um paraíso tropical perdido onde todos os problemas serão resolvidos. Coitado do inconsciente coletivo mundial…

Mas como não existe filme sem conflito, Babou tem uma filha – Esmeralda (Lolita Chammah, sobrinha de Isabelle Huppert na vida real) – que é exatamente o seu oposto: para o desgosto da mãe, a garota quer estudar, se casar e ter filhos. E pior: por vergonha, não quer que a própria mãe vá ao seu casamento. Babou então se refugia da incômoda situação arranjando um improvável emprego num improvável país: ela vai tentar mudar de vida trabalhando como corretora de imóveis na Bélgica. Logo quem, a Babou…

Recheado de músicas brasileiras, “Copacabana” começa como um belo ensaio sobre um supostamente invertido choque de gerações: aqui, o rebelde libertário vem de uma geração anterior, enquanto o conservadorismo é representado pela juventude. Nem um pouquinho longe de ser verdade. O roteiro não conta, nem é necessário que o faça, mas imagina-se uma Babou ex-hippie, que certamente esteve em todas as manifestações de 1968, e que chega ao século 21 completamente fora de sintonia com o estranho mundo consumista que se estabeleceu. E que mesmo assim consegue destilar energia e felicidade. No mínimo, a personagem nos permite apreciar uma Isabelle Huppert bastante diferente dos papéis sérios e sisudos que geralmente representa. Uma protagonista cheia de vida que mantém seu sorriso e sua bondade ao se recusar a entrar nos sórdidos joguinhos corporativos do patético universo dos corretores de imóveis em que ela vai parar. É uma Isabelle diferente, e ótima como sempre.

O filme peca, porém, em seu final, quando opta por uma solução simplista, pouco convincente, e ligeiramente atabalhoada. Um pecado que não chega a ser suficiente para tirar o brilho deste pequeno e encantador filme sobre a liberdade e o amor de uma mãe pela sua filha. Sob quaisquer circunstâncias.