“LIBELU – ABAIXO A DITADURA”, ASSUMINDO A MEMÓRIA AFETIVA.

Por Celso Sabadin.

Sou suspeito para falar do documentário “Libelu – Abaixo a Ditadura”, que chega agora em maio nos cinemas e nas plataformas – Motivo: eu estava vivendo naquele olho de furacão, no distante 1977 em que – pelo período de ano – fui um improvável estudante da Faculdade de Economia e Administração da USP, curso que tive o bom senso de abandonar logo em 78.

Lembro-me com muita clareza dos membros da Libelu entrando na sala de aula convocando os estudantes para os mais diversos tipos de greves e manifestações. Da mesma forma que lembro de colegas mais, digamos, reaças, brigando com eles aos berros de “Vai tirar aluno da sala em Cuba! Vai fazer greve na União Soviética!”. Verdade. Tem coisas que, tirando os cabelos compridos e as calças boca-de-sino, mudaram muito pouco.

De qualquer maneira, movido por memórias afetivas, acabo perdendo o distanciamento crítico necessário para comentar o filme, Mesmo com sua proposta posta clara – e medrosa – de não tomar partido, de manter-se neutro, abrindo câmera e microfones para as pessoas mais diversas, como a jornalista Laura Capriglione, o crítico gastronômico Josimar Melo, o jornalista e músico Cadão Volpato, o mentalmente prejudicado Reinaldo Azevedo e o alcagueta mentiroso Antonio Palocci.

O documentário investiga com ótimas imagens de arquivo e depoimentos atuais a trajetória do Liberdade e Luta, grupo universitário surgido em 1976 que se colocava mais à esquerda que as demais associações estudantis esquerdistas. O mais comunista e também o que dava as melhores festas, segundo os depoentes.
Seus integrantes eram famosos pela irreverência, abertura cultural e combatividade. Corruptela de Liberdade e Luta, Libelu depois virou adjetivo, sinônimo de radicalidade e (para adversários) inconsequência. Quatro décadas depois, o filme conversa com vários de seus ex-integrantes, tentando não apenas levantar as histórias daquela época como também provocar a tão famosa e comentada “autocrítica”.

Com direção de Diógenes Muniz, “Libelu – Abaixo a ditadura” entra em cartaz em cinemas dia 13 de maio e chega nas plataformas de Video on Demand (VoD) do NOW, Vivo Play, Oi Play, Google Play, Itunes e Apple TV no dia 27 também de maio. A primeira exibição no Canal Brasil está agendada para 20 de julho.