MADE FOR TOURISTS, “RIO, EU TE AMO” EXPÕE ELENCO E DIRETORES MULTINACIONAIS.

É clichê dizer que filmes em episódios, com vários diretores, são irregulares. Então, vamos lá: filmes em episódios, com vários diretores, são irregulares. Difícil ser diferente. Principalmente no caso desta franquia “Cities of Love” (que já nos deu o razoável “Paris, eu Te Amo” e o fraquíssimo “Nova York, eu te Amo”) , onde os episódios são muitos. Aqui, 11 para ser mais exato.

Não se trata exatamente de episódios estanques, cada qual com seu começo meio e fim. Não. É mais correto falar em 11 situações onde os personagens mais ou menos se entrelaçam, e não há a necessidade de finais fechados. O que é até bom. Em comum entre eles apenas a cidade do Rio de Janeiro, mostrada aqui de forma espetacular e espetacularizada, com imagens bem “made for export”. Todos os cartões postais, turísticos e antropológicos, que fazem a alegria do olhar estrangeiro estão claramente estampados na tela.

Numa avaliação eminentemente pessoal, o que mais me agrada é o protagonizado por Vincent Cassell (sim, elenco e diretores também são multinacionais), onde ele interpreta um escultor de areia à procura do amor. Com direção de Fernando Meirelles, trata-se do episódio mais cinematográfico de todos, sem falas, sem diálogos, e com uma interessante utilização de sons, luzes estouradas, e enquadramentos intrigantes.
Na contra-mão, vem o segmento dirigido e interpretado por John Turturro: uma aborrecida DR ao estilo do antigo cinema francês, que dura poucos minutos na tela mas tem a “sensação térmica” de uma eternidade.

Entre o ótimo Meirelles e o sofrível Turturro há ideias interessantes, como o esculacho monumental que o personagem de Wagner Moura aplica no Cristo Redentor (direção de José Padilha) e o descoladíssimo menino de rua que acredita ter conseguido o telefone de Jesus Cristo (de Nadine Abaki).

O elenco ainda tem Harvey Keitel, Emily Mortimer, Fernanda Montenegro, Rodrigo Santoro, Vanessa Paradis, Ryan Kwanten, Jason Isaacs, um monte de gente vivendo um “caleidoscópio cinematográfico”, como bem define o material de divulgação de “Rio, eu Te Amo”.