“MADEMOISELLE CHAMBON”, FRANCÊS DE CORPO E ALMA.

Verónique (Sandrine Kimberlain, de “Betty Fisher e Outras Histórias”) é uma musicista amadora e professora profissional sem raízes, que leciona de cidade em cidade por todo o país. Jean (Vincent Lindon, de “Bem-Vindo”), mais até do que em raízes, é especializado em fundações sólidas que erguem casas “para toda vida”, segundo suas próprias palavras. Duas pessoas antagônicas em suas origens que se vêem repentina e inevitavelmente atraídas. A violinista e o pedreiro.

O amor entre ambos nasce sem aviso prévio. Sem flores, nem borboletas, muito menos orquestras tocando. É repentino. E proibido, já que Jean é casado. É sobre esta forte atração que se debruça a diretora e co-roteirista Stéphane Brizé, que com este filme recebeu um César de melhor roteiro adaptado (a partir do livro de Eric Holder).

Francês de corpo e alma, o drama “Mademoiselle Chambon” traz os elementos típicos da estética que consagrou a cinematografia daquele país. Para a alegria de seus admiradores e ódio de seus detratores. São tempos estendidos, longos momentos de silêncio, pausas reflexivas, olhares, sutilezas. Cinema feito para pensar, sentir e para contar a história de uma paixão avassaladora.

Nem que seja apenas como contraponto à ansiedade visual que se instalou no cinema atual, o filme vale o ingresso: “Mademoiselle Chambon” é um belo oásis de sentimentos dentro de uma cruel aridez estética.