“MANDANDO BALA” BRINCA COM OS CLICHÊS DO CINEMA POLICIAL

Pegue a estilização violenta de Guy Ritchie (diretor de “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”, por exemplo), adicione o humor mordaz do coelho Pernalonga, e tempere com o molho picante dos exageros dos antigos faroestes à italiana. O resultado é “Mandando Bala”, filme que pode ser definido como comédia policial ou policial cômico, tanto faz.
Repleta – propositalmente – de divertidos clichês, o filme fala de Smith (Clive Owen, ótimo), uma espécie de justiceiro solitário que testemunha o assassinato de uma mulher, segundos após ela dar à luz o seu bebê. Violento, mas de bom coração, Smith decide eliminar os assassinos e tomar conta da criança. Mas logo ele percebe que o alvo dos criminosos, na realidade, não era a mulher assassinada, mas sim aquele inocente recém-nascido. Tem início então um jogo de gato e rato onde o que vale é o exagero, a violência em estilo de desenho animado, o sarcasmo das soluções e conclusões “mirabolantes” desenvolvidas por Smith e por seu cruel perseguidor (Paul Giamatti, excelente como sempre).´
A produção é norte-americana, mas é inegável que o roteirista e diretor Michael Davis, inglês, imprimiu ao seu filme um estilo totalmente britânico. Seja no cinismo de seu humor, ou nas cores escuras e grãos estourados da fotografia do chinês Peter Pau. Destaque também para a presença de Clive Owen, um dos preteridos a ser o novo 007 (perdeu para Daniel Craig), num papel que parece justamente parodiar os grandes feitos heróicos de James Bond.
Para curtir o filme em toda sua intensidade, é fundamental embarcar no seu humor non sense, que faz do próprio cinema a sua fonte de inspiração. E se deixar levar por cenas impagáveis, que admitem, por exemplo, que o nosso herói dizime um punhado de assassinos, sem que para isso seja necessário sequer que ele interrompa o seu ato sexual