“MARAVILHOSO BOCACCIO”, A ARTE CONTRA A MORTE.

Por Celso Sabadin.

Que delícia verificar que os octogenários irmãos Vittorio (nascido em 1929) e Paolo Taviani (de 1931) continuam com suas câmeras afiadíssimas. Responsáveis por belíssimos momentos do cinema italiano (e mundial) dos anos 70 e 80, como “A Árvore dos Tamancos”, Bom Dia, Babilônia” , “A Noite de São Lourenço”, “Pai Patrão”, “Allonsanfan” e tantos outros, i Fratelli Taviani foram buscar inspiração no século 14 para a realização de sua obra mais recente.

“Maravilhoso Bocaccio” baseia-se livremente na obra do  poeta, escritor e cronista Giovanni Bocaccio, cujo “Decameron” também já havia inspirado Pasolini.  Tudo acontece em 1348, momento em que a peste negra dizima a população da região da Toscana. Em Firenze, um grupo de jovens decide abandonar a cidade e refugiar-se no campo, na esperança de fugir da doença. É nas belas paisagens das montanhas que eles combinam de, todos os dias, cada um deles contar aos demais uma história que os entretenha e os faça esquecer da terrível situação que os espreita e ameaça.

Com fluidez, as histórias desfilam pela tela trazendo amores impossíveis, armadilhas do destino, humor, tragédias, crítica social, tudo com a deliciosa picardia típica dos textos de Bocaccio. É o poder da arte e da vida contra os males das trevas e da morte.

Destaque para a excelente trilha sonora de Giuliano Taviani, filho de Vittorio, mimetizando momentos de Rossini, Mozart e outros grandes clássicos.

Uma preciosidade.