“MARCHA CEGA” ESCANCARA O CRIMINOSO DESPREPARO DA PM PAULISTA.

Por Celso Sabadin.

Um tema sempre necessário e atual – a desastrosa atuação da Polícia Militar em manifestações democráticas –  ganha importância ainda maior nestes tempos de polarização política. Assim, é mais do que oportuna a estreia do filme “Marcha Cega”, que documenta parte deste triste despreparo.

Com direção de Gabriel Di Giacomo, “Marcha Cega” se concentra nas ações e consequências das atitudes da Polícia Militar do Estado de São Paulo durante as manifestações acontecidas na capital paulista entre 2013 e 2017.  Sérgio Silva, fotógrafo que perdeu um olho ao cobrir uma manifestação ocorrida em 13 de junho de 2013, é um dos principais personagens do filme. Há outros: o vereador Eduardo Suplicy, eterno defensor dos Direitos Humanos; especialistas em segurança pública  ratificando as críticas à organização; além de vítimas que tiveram suas vidas transformadas (negativamente) ao exercerem seus inalienáveis direitos de livres expressão e manifestação.

Antes que se diga que a escolha dos depoentes foi tendenciosa, vale o alerta: a produção do filme tentou entrevistar representantes da própria PM para que eles pudessem dar suas versões dos fatos. Mas não conseguiram: não houve respostas aos pedidos. Talvez – ou muito provavelmente – porque não há como defender policiais muitas vezes apavorados e despreparados que disparam suas bombas de gases e balas de borracha em condições totalmente contrárias às estabelecidas pelas próprias apostilas de treinamento da PM, como mostra o filme. Talvez porque seja de fato impossível tentar defender o indefensável.  “Marcha Cega” escancara como a nossa frágil democracia produziu uma Polícia partidária e truculenta que acaba se transformando em ameaça para a população, ao invés de cumprir sua função básica e primordial, que é protegê-la.

Trazendo ainda imagens impressionantes (daquelas que a TV não mostra) captada em meio às manifestações, “Marcha Cega” é urgente e obrigatório.