“MARGARETH MEE E A FLOR DA LUA” REVELA FASCINANTE PERSONAGEM POUCO CONHECIDA DO PÚBLICO.

Muitas vezes me perguntam por que os documentários andam mais interessantes que as ficções. Muito provavelmente porque as histórias reais são tantas, e tão fascinantes, que elas estão cada vez mais superando a imaginação (ou a falta dela) dos roteiristas de filmes ficcionais. Quando Peter Bogdanovich falou que “todos os bons filmes já foram feitos”, certamente ele não estava se referindo aos documentários.

Por exemplo: que tal contar a história de uma artista plástica inglesa que durante 3 décadas de sua vida empreendeu nada menos que 17 viagens à Amazônia? E para desenhar flores e plantas? Este é o tema de “Margaret Mee e a Flor da Lua”, de Malu De Martino. Com produção (caprichada) de Elisa Tolomelli, a diretora mostra a trajetória de Margaret Mee, considerada a última representante de uma série histórica de exploradores do século 20 que, vindos da Europa, desbravaram e revelaram aspectos desconhecidos da nossa cultura. Profunda conhecedora da técnica de Ilustração botânica, Margaret dedicou sua vida à ilustrar os mais variados espécimes da flora Amazônia, sendo inclusive responsável pela descoberta e catalogação de algumas delas.

Parece pouco? O filme mostra que não é. A diretora De Martino fez a feliz opção de priorizar em seu documentário duas importantes características cinematográficas: sobriedade e elegância. Com belíssimas imagens e a narração de Patrícia Pilar. De narrativa clássica e convencional, o filme centraliza suas preocupações em contar bem sua história, o que faz com eficiência. E é o que basta, pois a figura da biografada, em si, já é encantadora o suficiente para conduzir a obra com interesse.

No caso, menos é mais.