“MAUS HÁBITOS” EXPLORA RELIGIOSIDADE COM BOM ESTILO CINEMATOGRÁFICO.

Não confunda: apesar de Pedro Almodóvar já ter dirigido em 1983 um filme exatamente com este nome, este “Maus Hábitos” é uma produção mexicana de 2007. E seu título original é de fato “Malos Hábitos”.

Premiado nos festivais de Montreal, Los Angeles e Bogotá, “Maus Hábitos” é um estudo sobre duas obsessões: a religiosa e a estética. Matilde é uma jovem freira enclausurada num convento onde o jejum é prática corriqueira. Cheia de fé, ela sucumbe porém ao pecado da gula, comendo escondido de sua superiora e buscando comida até no lixo, se preciso for. Paralelamente, Elena é uma mulher anoréxica que não consegue resistir à sua obsessão por magreza, fazendo regime escondida do marido, e colocando assim em risco o seu próprio casamento. Para piorar sua situação, ela tem uma filha, Linda, que não consegue emagrecer. Estas duas formas de sofrimento compulsivo, ambas tendo a comida como ponto em comum, vão se entrelaçar numa história intrigante dirigida com estilo pelo estreante Simon Bross.

Embora seja um drama, “Maus Hábitos” tem clima e fotografia de suspense. Trabalha com pouca luz e cores saturadas que contribuem para dar à história uma certa aura de misticismo. Sua atmosfera tensa e ritmo contemplativo deixam o espectador numa eterna expectativa de mau agouro, que algo terrível está para acontecer a qualquer instante. Conseqüentemente, a trama envolve e abre sub textos para variadas leituras.

Traições, dor, e a tradicional moral católica da culpa e do pecado – tema tão recorrente na cinematografia latina em geral e na mexicana em particular – ajudam a formar o painel de sentimentos contraditórios deste interessante “Maus Hábitos”. Vale experimentar.