MEIO “BLADE RUNNER”, MEIO “X-MEN”. “HERÓIS” AGRADA AO PÚBLICO JOVEM.

Durante a 2ª. Guerra, os nazistas realizaram uma série de experimentos com pessoas dotadas de poderes especiais (telepatia e clarevidência, por exemplo), com o objetivo de formar um super exército. A Guerra acabou, Hitler perdeu, mas de alguma forma os experimentos continuaram. Tanto que nos dias de hoje existe uma agência do governo norte-americano criada para eliminar estas pessoas especiais.
É neste cenário de perseguição e intolerância que um grupo de poderosos adolescentes precisa se unir pela sobrevivência.
Entre eles estão os “Watchers”, capazes de prever o futuro; os “Movers”, que sabem mover objetos com o poder da mente; os “Pushers”, que tem a habilidade de fazer com que pessoas acreditem em qualquer coisa, seja verdade ou não; os “Bleeders”, que emitem gritos supersônicos, e vários outros.

Este é ponto de partida do filme “Heróis” que – é bom dizer – nada tem a ver com o seriado homônimo. Na realidade o título original do filme é “Push”, mas como sua trama básica é similar à da série televisiva (que por sua vez tem tudo a ver com “X-Men”), a distribuidora optou pelo bom, velho e famoso marketing “espertinho” de tentar ludibriar o público.

Não precisava: este “Heróis” tem seus méritos, e qualidades suficientes para conquistar o público adolescente. O diretor escocês Paul McGuigan (o mesmo de “Xeque-Mate”) imprime ao filme um ritmo de videoclipe que garante a atenção dos fãs de ação. A direção de arte – colorida e carregada – aliada à estética de HQ, também contribui para uma roupagem mais contemporânea que ajuda a esconder a temática já um tanto desgastada do roteiro.
O excesso de flash backs algumas vezes trunca a fluidez da narrativa, mas o ritmo incessante ajuda a varrer estas falhas para debaixo do tapete.

Rodado em Hong Kong, traz cenas que lembram “Blade Runner” e momentos que rementem a “X-Men.”

É bom também ver Dakota Fanning abandonando seu eterno papel de garotinha assustada para assumir uma postura bem mais madura, inclusive com cenas de ciúmes e embriaguez. Por outro lado, a resolução do roteiro – que abandona a lógica de lado para resolver tudo no murro – deixa a desejar.

Curiosidade: para evitar as complicações e burocracias comuns nas filmagens em grandes cidades, os produtores optaram por um esquema “guerrilheiro“ de filmar: sem avisar nenhuma autoridade local nem fechar ruas, eles captavam a maior quantidade possível de imagens, muitas vezes escondidos em vans, no menor tempo viável, e saíam correndo, antes que algum policial se desse conta. Funcionou. Apesar do tema fantástico, “Heróis” conseguiu obter um clima bem realista.