MELODRAMÁTICO, “A MORTE E VIDA DE CHARLIE” É VEÍCULO PARA ZAC EFRON.

Após trabalhar como ator (sem grande destaque) nos anos 90, Burr Steers realizou uma promissora estreia como roteirista e diretor no talentoso e premiado “A Estranha Família de Igby”, em 2002. Com Zac Efron, o astro de “High School Musical”, no papel principal, Steers dirigiu “17 Outra Vez”, em 2009, com resultados até que satisfatórios. Agora, a dupla Steers/Efron novamente se reúne em “A Morte e Vida de Charlie”, drama romântico espiritualista que visa alavancar a carreira de Efron, tentando tirar-lhe a pecha de “ator adolescente bonitinho”.

A partir do livro de Ben Sherwood, o roteiro de Lewis Colick (de “O Céu de Outubro”) e Craig Pearce (de “Moulin Rouge – O Amor em Vermelho”) conta a história de Charlie (Efron), rapaz com grande talento para esportes náuticos que mora numa cidadezinha paradisíasca na costa oeste americana. Tudo está pronto para o seu sucesso pessoal e esportivo, quando um acidente mata seu irmão mais novo, Sam (Charlie Tahan, de “Eu Sou a Lenda”). Sentindo-se culpado, Charlie se propõe a cumprir uma promessa feita antes da tragédia: a de se encontrar com o irmão todo final de tarde, para treinar beisebol. O que a princípio pode parecer delírio e perturbação de fato acontece: o irmão morto realmente aparece todos os dias para cobrar a promessa. Porém, ambos precisam se libertar deste macabro compromisso.

Coincidência ou não, tem sido forte a tendência cinematográfica recente de abordar a vida após a morte. Se “Nosso Lar” foi catequético e “Além da Vida” foi pungente, só para citar dois exemplos recentes, pode-se dizer que “A Morte e Vida de Charlie” é melodramático. Para o bem e para o mal. Mão pesada, o diretor Steers abusa nas cores e no açúcar. Música exagerada, crepúsculos em profusão e sentimentos rasgados tornam o filme agradável para os fãs de um bom folhetim, e dispensável para quem prefere sutilezas ou uma linguagem cinematográfica mais elaborada.
Formal e tecnicamente, não faz feio. Artisticamente, faz.