MESMO PREMIADO EM VENEZA, “HOLLYWOODLAND” NÃO EMPOLGA

Se “Dália Negra” criou uma história fictícia em cima de um caso real acontecido nos bastidores do cinema, nos anos 40, “Hollywoodland” fez quase a mesma coisa: criou uma história fictícia em cima de um caso real acontecido nos bastidores da televisão, nos anos 50. Porém, as semelhanças param por aí. “Dália Negra” era dirigido por um excelente cineasta (Brian de Palma) a partir do livro de um ótimo autor (James Ellory), enquanto “Hollywoodland” tem uma história fraca escrita pelo roteirista especializado em televisão Paul Bernbaum, que não dá o suporte necessário para a direção – elegante – de Allen Couter, também vindo da TV.
”Hollywoodland”, que no Brasil recebeu o subtítulo de “Bastidores da Fama”, começa a desenvolver sua trama a partir da história verídica do suicídio do ator George Reeves (Ben Affleck), famoso nos anos 50 por interpretar o Super Homem no antigo seriado de televisão. Porém, o detetive particular Louis Simo (Adrien Brody, “O Pianista”) não acredita na hipótese de suicídio, e começa a investigar o caso. Pelo caminho, ele descobre que George havia tido um romance proibido com a esposa de um poderoso chefão de Hollywood (Diane Lane, de “Sob o Sol da Toscana”), o que abre novos rumos para suas teorias.
”Hollywoodland”, bebe escancaradamente na fonte dos antigos “film noir”, com direito a vários clichês do gênero, incluindo mulheres fatais, traições, detetive enxerido tomando surra, e assim por diante. O fato de sua ambientação ocorrer nos anos 50 contribui ainda mais para a criação deste clima. Tudo isso poderia ser visto até como uma homenagem ao gênero. O grande problema do filme, contudo, é a fragilidade de seu roteiro, vazio, que não consegue amarrar uma boa proposta, e resulta perdido em conteúdo e intenções.
De forma até surpreendente, o filme foi selecionado para a competição oficial do Festival de Veneza, e rendeu para Ben Affleck o prêmio de melhor ator do evento.