“MEU MELHOR AMIGO” PROVOCA: QUEM É SEU MELHOR AMIGO?

Responda rápido: quem é o seu melhor amigo? Aquela pessoa que você pode ligar, sem medo, às três da manhã, pra chorar no ombro? Na atribulada vida urbana moderna, onde o trabalho toma todo o tempo antes dedicado às relações sociais, talvez esta pergunta seja difícil de responder. E foi a partir desta simples (porém inquietante) questão, que o premiado diretor Patrice Leconte dirigiu a comédia ligeira “Meu Melhor Amigo”, escolhido como o Melhor Filme da Comunidade Européia segundo o David di Donatello (o “Oscar’” italiano).
Daniel Auteuil (“Caché”) vive François, um marchand divorciado e totalmente dedicado a si mesmo e ao seu trabalho. Ele sequer sabe das preferências sexuais de sua própria sócia, Catherine (Julie Gayet), com quem convive diariamente. Indignada, a moça não perdoa tanta indiferença, e lança um desafio ao sócio: que ele apresente a todos o seu “melhor amigo”. Porém, François não tem sequer “um” amigo… quanto mais um “melhor”. Ele sai então desesperadamente à caça de um amigo, sem saber exatamente como conquistar algo que não possa ser comprado na prateleira de um supermercado ou arrebatado num leilão de artes.
O filme conquista o público pela sua simplicidade e despretensão. Com linguagem direta e narrativa ágil, toca na ferida das atuais relações humanas sem cair no sentimentalismo fácil. E ainda destila boas doses de bom humor calcadas exatamente no famoso mau humor francês.
“Meu Melhor Amigo” levou mais de um milhão de franceses às bilheterias, e arrecadou US$ 1,5 milhão nos EUA, número bastante razoável para um país que abomina filmes estrangeiros. Tem tudo para ser “refilmado” por Hollywood com, digamos, Will Smith no papel principal, quem sabe…