MEU NOME É PAN. “PETER PAN”.

Por Celso Sabadin.

Já faz um bom tempo que os executivos de Hollywood contabilizaram a enorme importância do conceito de franquia, onde é fundamental manter por anos e anos um nome forte e comercialmente bem sucedido. Isto porque, na indústria atual, criar e divulgar um novo nome, um novo protagonista, um novo herói, acaba saindo mais caro que fazer o próprio filme. E depois que o nome está fixado, a qualidade da história que ele protagonizará passa a ser secundária. Quando não terciária.

Dentro deste pensamento, estamos vivendo já há alguns anos o conceito de contar as origens dos personagens sobre os quais se quer criar ou manter uma franquia. Mostrar para o público como tudo começou tem seu charme, além, é claro, de ser uma eficiente ferramenta “esticadora” de franquias.

Quem ganha agora a sua versão “Origens” é Peter Pan, criado em 1904 como personagem da peça teatral “O Menino que Nunca Quis Crescer”, do inglês J. M. Barrie. O texto da peça foi adaptado para a literatura em 1911,  e mais tarde, em 53, transformado em desenho animado de longa metragem pelos Estúdios Disney.

Com direção do inglês Joe Wright (do recente “Ana Karenina” e “Orgulho e Preconceito”), o novo filme (cujo título original é apenas “Pan”) vem com ares de superprodução, repleto de aventuras e efeitos especiais, bem ao gosto da geração 3D. A ideia é tentar dar uma estrutura histórica ao conhecido personagem, explicar de onde ele veio, por que ele voa, como ele conheceu o Capitão Gancho, o que é, afinal, a Terra do Nunca, e assim por diante. Visando, é claro, se possível, uma continuação… e outra, e outra…  todas acompanhadas das mais diversas linhas de produtos e serviços que os personagens possam proporcionar.

Nada muito novo. Temos aqui outra vez a boa e velha estrutura de roteiro similar à dos games, onde diversas “fases” precisam ser superadas dentro de um determinado tempo, para que o herói conquiste a vitória final. Tem a fase de derrotar os pássaros, o crocodilo, etc., tudo linear e episodicamente esquematizado, com fortes apelos visuais e criatividade ligada no automático.

Não faz feio, mas joga para segundo plano a fina sensibilidade do menino que não queria crescer. Os tempos são outros.