“MEU PAI”. IMPERDÍVEL.

Por Celso Sabadin.

Certamente todos nós, cinéfilos, já vimos vários filmes sobre doenças degenerativas. A maioria emocionante, respeitosa, bem interpretada, digna, reflexiva, competente… “Meu Pai” é um filme sobre doença degenerativa. Emocionante, respeitoso, bem interpretado, digno, reflexivo, competente… e absolutamente genial e inesquecível! Isto porque o longa coloca o problema de uma maneira – pelo menos para mim – inédita: temos aqui o ponto de vista do portador da doença.

Ou seja, “Meu Pai” nos estraçalha os sentimentos escancarando o desespero que assola uma pessoa que, aos poucos, se percebe perdendo o próprio chão. As dúvidas, os esquecimentos, as situações surreais, a impossibilidade real de acreditar nos próprios olhos, a falta de lógica que permeia as ações mais simples do cotidiano e, principalmente, as próprias memórias, tudo entra num labirinto enlouquecedor.

O roteirista português Christopher Hampton foi muito feliz e preciso ao adaptar para o cinema a peça do francês Florian Zeller, autor de outros textos teatrais que não sinalizavam todo o talento que demonstrou em “Meu Pai”: “A Outra Mulher”, “A Viagem de Meu Pai” e “O que eu Fiz para Merecer Isso”, por exemplos. Mas se o trabalho anterior de Zeller sequer prenunciava seu potencial, o que dizer então desta sua estreia como diretor de cinema? Simplesmente impecável. Sóbria, pungente, cirúrgica nos tempos, espaços e movimentos.

Não que o Oscar seja parâmetro de qualidade cinematográfica – longe disso – mas desta vez o pessoal da Academia não teve como escapar. “Meu Pai” está indicado ao prêmio nas categorias Filme, Ator (Anthony Hopkins, perfeito), Atriz Coadjuvante (Olivia Colman), Roteiro, Edição e Desenho de produção. Por que não Direção, né? Ora, é o Oscar sendo Oscar.
No teatro, o papel título do filme já foi interpretado por Robert Hirsch, Frank Langella, e Fulvio Stefanini, no Brasil.
Coproduzido por França e Inglaterra, “Meu Pai” estreia nos cinemas nesta quinta-feira, dia 8 de abril, nas cidades do Rio de Janeiro, Brasília e Florianópolis e no dia 9 de abril, nas plataformas digitais, Now, Itunes (Apple TV) e Google Play disponível para compra. A partir do dia 28 de abril, o filme ficará disponível também para aluguel, nas plataformas citadas e também na Sky Play e na Vivo Play.