“MEU REI” E AS ETERNAS DIFICULDADES DOS RELACIONAMENTOS AMOROSOS.

por Celso Sabadin.

O cinema francês retoma, com “Meu Rei”, um de seus temas mais queridos, históricos e recorrentes: a chamada D.R. ou “discussão da relação”. Aqui temos, de um lado, Marie-Antoinette, apelidada Tony (Emmanuelle Bercot, melhor atriz em Cannes por este papel); e do outro Giorgio (Vincent Cassel). Ela, uma respeitada advogada vinda de um casamento fracassado. Ele, um charmoso dono de restaurante fascinado pela bela vita parisiense. Ambos se encontram, se apaixonam fortemente, mas terão de lidar com suas diferenças abissais para fazer o amor dar certo. Ou pelo menos tentar.

A direção é de Maïwenn Le Besco, que artisticamente assina apenas Maïwenn. Já há alguns anos ela vem conciliando suas carreiras de atriz (“O Profissional”, “O Quinto Elemento”, “Alta Tensão” ) e diretora/roteirista (”Polissia”), e agora com “Meu Rei” obteve significativas oito indicações ao César.

Alternando as idas e vidas e os altos e baixos típicos dos relacionamentos conturbados, talvez “Meu Rei” seja um pouco longo demais para o que tem de fato a dizer, mas as ótimas interpretações do casal protagonista acabam por minimizar o problema.

Chama a atenção a contemporaneidade do comportamento de Giorgio, o típico homem urbano bem sucedido profissionalmente mas que carrega consigo uma intransponível dificuldade de amadurecimento. Sintonizado com os novos tempos, o rapaz se recusa a crescer, vive intensa e destrutivamente a ambiguidade da necessidade de construir uma família em contraposição a um desejo de liberdade que só pode ser satisfeito no passado. Por isso, sofre. E faz sofrer principalmente quando encontra sua suposta alma gêmea igualmente inábil nas questões relacionadas a autoestima.

A diretora diz ter se inspirado em seu próprio casamento para fazer o filme. Não deve ter sido nada fácil para ela. Nem o filme, nem o casamento.

A estreia é nesta quinta, 22.