“MIRADOR”, A LUTA NOSSA DE CADA DIA.

Por Celso Sabadin.

“Mirador” é um filme simples sobre coisas complicadas. Afinal, nada mais complicado que a sobrevivência neste Brasil precário que não tem como cultura nem política lançar um olhar acolhedor sobre sua população carente. Com pandemia ou sem, a crise é eterna e endêmica.

É neste Brasil que abandona seu povo que surge Maycon (Edilson Silva) como o protagonista do filme em busca do protagonismo de sua própria vida. Mas a tarefa não é nada fácil. Enroscado entre dois subempregos e com o sonho de voltar a lutar boxe, Maycon repentinamente se vê diante de uma nova luta em sua vida: a de ser pai.

Numa tocada bastante realista e naturalista, “Mirador” se desenvolve em estética quase documental, silenciosa e introspectiva, envolvendo de forma lenta e firme a atenção e o interesse do espectador que não raramente se identificará com esta pequena saga urbana de todos nós, diária e real.

Edson Silva, o Robson de “Bacurau”, entrega uma intepretação das mais convincentes, enquanto a pequena Maria Luiza Costa rouba a cena com sua espontaneidade.

Assinando o roteiro minimalista em parceria com William Biagioli, o curitibano Bruno Costa faz em “Mirador” sua estreia na direção de longas ficcionais. Uma estreia que já nasce premiada como o Melhor Longa-Metragem de Ficção, no Ibero-American Film Festival Miami; o Prêmio Especial do Júri, no Festival Regional e Internacional de Cinema de Guadalupe; e de Melhor Filme pelo Júri Popular, no Festival de Cinema de Vitória.

A estreia nos cinemas foi na quinta, 5 de maio.