“MISS FRANÇA”, COM LIBERDADE, IGUALDADE E DIGNIDADE.

Por Celso Sabadin.
 
Desde criança, Alex (Alexandre Wetter) quer ser Miss França. O problema é que Alex é o que a sociedade convencionou chamar de ”menino”, e para ser Miss França é preciso ser “menina”. Sempre enfrentando preconceitos e perturbações, a criança Alex cresce, e entra na vida adulta percebendo que terá de abandonar suas aspirações… ou talvez não…
Com o incentivo de um grupo de amigos, Alex se enche de coragem e determinação para tentar realizar seu sonho de menina aprisionado em corpo de menino.
 
Com roteiro de Elodie Namer e do próprio diretor francês de origem portuguesa, Ruben Alves (o mesmo de “A Gaiola Dourada”), “Miss França” segue os cânones do chamado filme de “superação”, aquele em que a força e a resiliência do protagonista transformam-se na mola propulsora que o conduzirá à redenção que se almeja do chamado “arco dramático” tão usual nos mais diversos manuais de roteiro. Ou, trocando em miúdos, o filme entrega exatamente o que se espera dele. Para o bem e para o mal.
 
Seus maiores méritos residem na dignidade conferida à situação e ao protagonista, e à excelente intepretação do modelo e ator/atriz Alexandre Wetter, que se declara andrógino. “Não me vejo como uma pessoa cisgênero. Não sei ao certo o que é que eu poderia eventualmente ser, mas o que é mais importante para mim é precisamente não me identificar, não me fechar numa caixa específica na qual eu seja condenado a permanecer”, declarou Wetter à revista Vogue.
Na premiação do César, Wetter foi indicado na categoria de ator. Masculino.
 
Coproduzido por França e Bélgica, “Miss França” transita com desenvoltura por momentos de drama, humor e aventura, constituindo-se num entretenimento simpático que evita tirar a plateia de sua zona de conforto.
 
Estreou nos cinemas em 19 de maio.