MISTO DE IRONIA E BAIXARIA FAZ O HUMOR DE “PERFEITA É A MÃE!”

Por Celso Sabadin.

Depois que “Se Beber, Não Case!” abriu os olhos dos produtores de cinema para a grande fatia de mercado que representa a chamada “comédia adulta”, vários outros filmes começaram a pipocar especificamente visando este público-alvo. Antes de continuar, vale a explicação: a palavra “adulta” na expressão “comédia adulta” significa única e exclusivamente que estes filmes são para maiores de 18 anos. Não há nenhuma relação com o conceito de “amadurecimento”. Muito pelo contrário, diga-se.

Obviamente, e novamente por uma questão de mercado, as mulheres também passaram a ser alvo dos produtores, já que boa parcela deste público se sente ofendida pelas grosserias de produtos do tipo “Se Beber…”. E quem há de dizer que não existe razão?

É desta linha marcadamente mercadológica que surge “Perfeita é a Mãe!”, comédia direcionada para maiores de 18 anos que usa as dúvidas e desesperos de uma mãe moderna como mote das situações cômicas. A boa notícia é que, contrariamente ao que o material promocional do filme sugere, ele não é tão grosseiro.

Tudo gira em torno de Amy (a ucraniana Mila Kunis), a típica mulher contemporânea urbana que se desdobra ao máximo para administrar carreira, filhos, marido, escola e vida social. Logo no início do filme ela se apresenta dizendo que, desde o nascimento de seu primeiro filho, há 12 anos, ela só é uma coisa: “atrasada” (ok, ok, a piada funciona bem melhor em inglês). E a partir desta constatação, o roteiro se esmera em retratar o caótico cotidiano da protagonista. Não é preciso ser nenhum gênio do cinema para saber que logo algo acontecerá para virar radicalmente esta situação.

É nas críticas ao politicamente correto e à busca sem sentido de uma suposta perfeição eternamente cobrada pela sociedade que o filme encontra as suas melhores situações. Ao escancarar a hipocrisia da competitividade social, que procura parâmetros de qualidade dos mais altos graus de idiotização, “Perfeita é a Mãe!” consegue divertir com sarcasmo, ao mesmo tempo em que cria situações que certamente provocarão identificações rápidas e imediatas com muitas mães que se percebem ou já se perceberam de alguma forma tomando parte deste patético jogo. E pais também, como não?

Existem, como não poderia deixar de ser, várias concessões a um tipo de humor de gosto duvidoso, mesmo porque trata-se de um produto hollywoodiano que, feito para o grande público, não pode dar-se ao luxo de arriscar demais.

Mesmo assim, considerando que “Perfeita é a Mãe!” tem roteiro e direção de Jon Lucas e Scott Moore – os mesmos criadores da franquia “Se Beber, Não Case” – percebe-se aqui uma grande evolução da dupla.

A estreia é nesta quinta, 11 de agosto.