MOMENTO DISTÓPICO POTENCIALIZA “A ÚLTIMA JORNADA”.
Por Celso Sabadin.
Até pouco tempo atrás, ficções distópicas eram vistas apenas como sendo… ficções distópicas. Porém, desde que Trump, Bolsonaro, Coronavírus e outras desgraças passaram a comandar os caminhos do mundo, todos os horrores cinematográficos que habitavam apenas o campo da ilusão e da fantasia parecem cada vez mais próximos, reais e ameaçadores.
Neste sentido, o momento potencializa a força de “A Última Jornada”, uma – claro – ficção distópica britânica escrita e dirigida pelo inglês de ascendência hindu Perry Bandhal.
Seguindo a linha de “filmes de fim de mundo”, o longa fala de um misterioso vento assassino que transforma em pedra qualquer ser humano que toca. Um pequeno grupo de sobreviventes forma então uma involuntária e improvisada família para tentar sobreviver ao iminente fim da vida como a conhecemos.
“A Última Jornada” tem uma premissa que chega a lembrar outras distopias apocalípticas, como “A Estrada” e “Um Lugar Silencioso”, mas seu estilo de direção é bem diferente. Enquanto os dois exemplos citados buscam a catarse através do horror e do suspense, o filme de Bandhal tende mais para o drama existencialista. A narrativa sóbria apoia-se em conflitos humanos e medos ancestrais, e jamais busca o caminho fácil dos sustos superficiais ou efeitos visuais.
A fotografia chapada, quase sem nuances, e o minimalismo das situações podem causar um certo estranhamento.
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