MOSTRA SUÍÇA: “DIÁRIO DA MINHA CABEÇA” E A CRIMINALIZAÇÃO DO LIVRE PENSAR.  

Por Celso Sabadin.

Antes de assassinar seus pais, Benjamin (Kacey Mottet Klein), um jovem perturbado, envia um envelope para Esther (Fanny Ardant), sua professora de Literatura. De acordo com o rapaz, a mestra era a única pessoa no mundo que lhe compreendia. Porém, denunciando uma cruel inversão na atual escala de valores da nossa sociedade, o roteiro de “Diário da Minha Cabeça” passa a trabalhar no universo insano de juízes e psiquiatras, desenvolvendo o conceito de que a maior responsável pela tragédia seria a Literatura. E, por extensão, a professora que a ensina.

Esther se vê então envolta por culpas que lhe são impostas por mentes mais perturbadas que a do próprio assassino, e é obrigada a carregar o grande peso de seu maior “pecado”: ensinar seus alunos a pensar.

Em épocas de propostas idiotizantes como a da escola sem partido, por exemplo, “Diário da Minha Cabeça” é um alerta perturbador que mostra que o fenômeno de se criminalizar o livre pensamento não é uma prerrogativa exclusivamente de nosso país. Produzido na Suíça, o filme é dirigido por Ursula Meier (a mesma de “Minha Irmã”), que opta por uma narrativa enxuta, sóbria, contundente e de grande impacto dramático.

“Diário da Minha Cabeça” faz parte da programação do 7º Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo, que acontece de 9 a 21 de maio em São Paulo. A programação completa com horários, preços e endereços pode ser acessada em http://www.planetatela.com.br/noticia/7o-panorama-do-cinema-suico-chega-a-sao-paulo/