MUROS E CERCAS CAEM EM “UM DIA NOSSOS SEGREDOS SERÃO REVELADOS”.

Por Celso Sabadin.

 Em tempos de tanta caretice, onde até pesquisas de opinião revelam que o público jovem tem achado que o cinema tem filmado cenas de sexo em demasia, chega a ser um alento assistir a “Um Dia Nossos Segredos Serão Revelados”.

Não, não se trata de um filme particularmente erótico, mas de um drama romântico onde o erotismo existe e é parte importante da dramaturgia. Escondê-lo ou diminui-lo seria uma concessão comercial conservadora que, felizmente, o longa não comete.

Tudo acontece na Alemanha de 1990, momento em que a queda do Muro de Berlim transforma as relações econômicas e sociais do país. Tal contexto político serve como um sutil pano de fundo para a transformação de Maria (Marlene Burow), uma jovem moradora da área rural da Alemanha Oriental, que também vê sua história transformada pelo vizinho Henner (Felix Kramer), 20 anos mais velho.

Numa leitura simbólica, são vários os muros e cercas a cair, para o bem ou para o mal.

“Um Dia Nossos Segredos Serão Revelados” é baseado no livro de Daniela Krien, escritora nascida na então Alemanha Oriental, e que também assina o roteiro, ao lado da diretora do longa, Emily Atef.

Uma tradução mais fiel do título original do filme, “Irgendwann werden wir uns alles erzählen”, poderia ser “Em algum momento contaremos tudo um ao outro”, o que faria daria mais sentido à cena final. E isso não é um spoiler.

Selecionado para a Mostra Competitiva do Festival de Berlim 2023, “Um Dia Nossos Segredos Serão Revelados” estreou em cinemas brasileiros na última quinta-feira, 16/05.