“MUSSUM, O FILMIS” TEM AILTON EM ESTADO DE GRAÇA.

Por Celso Sabadin

Dois Filhos de Francisco, Lula o Filho do Brasil, De Pai para Filho,  Chacrinha, Broto Legal, Elis, Minha Fama de Mau, Tim Maia, Simonal… já faz um tempo que o cinema brasileiro embarcou no movimento das cinebiografias de celebridades midiáticas. O subgênero já é bastante consolidado em outras cinematografias igualmente já bastante consolidadas.

Agora é a vez de Antônio Carlos Bernardes Gomes, muito mais conhecido como Mussum, um dos integrantes – para muito, o preferido – do grupo cômico Os Trapalhões, de enorme sucesso na TV e no cinema brasileiros do século passado.

A boa notícia é que este tipo de filme sempre consegue proporcionar algum resgaste histórico-afetivo bastante bem-vindo neste nosso país de memória combalida. E a má notícia é que – colônia cultural estadunidense que somos – ainda nos apoiamos nas cinebiografias daquele país para produzir as nossas.

Com “Mussum, o Filmis”, não é diferente. O roteiro de Paulo Cursino e a direção de Silvio Guindane optam pela narrativa clássico-cronológica tradicional para contar a história do protagonista desde a infância pobre, até a consagração popular. Passando por todos os perrengues e por todos os tradicionais pontos de virada exigidos pelos manuais de roteiro.

Há, porém, um ponto positivíssimo, fora da curva convencional,  em “Mussum, o Filmis”. E ele se chama Ailton Graça. O ator não interpreta Mussum: ele o encarna.  E isso faz toda a diferença no longa, que acaba se configurando – muito por causa dele – em um divertido, emocionante e eficiente resgate-emotivo-cultural ao qual nos referimos no início deste texto. Apesar da cena final temperada com um levemente indigesto sabor meritocrata de coaching.

Principalmente por ter vivenciado a época de ouro dos grupos Originais do Samba e Os Trapalhões, acabei curtindo bastante o filme. E continuo torcendo para que o cinema brasileiro de cinebiografia, um dia, deixe de lado seu vício de “apresentar ao público”, verbalmente, as personalidades que compõem a trama. Que um dia sejam riscadas do roteiro falas como “O Cartola está aqui”, ou “Como vai, grande Chico Anísio?”, como se o público não os conseguisse identificar através da mera observação.

É nessas horas, em que diálogos artificiais teimam em dizer o que já estamos vendo, que dá vontade de falar: “Cacildis!”.

 

Quem é o diretor

Silvio Guindane é um ator, produtor, diretor de teatro e dramaturgo brasileiro. Atuou em filmes desde os treze anos de idade, tendo feito sua estreia em Como Nascem os Anjos, de 1996, que lhe rendeu vários prêmios, dentre eles um Kikito no Festival de Gramado e um Troféu Candango no Festival de Brasília. Nos últimos anos, Silvio Guindane tornou- se um ator muito presente em projetos na televisão a cabo. No canal Multishow atuou em projetos de sucesso como a minissérie “Acerto de Contas”. Na FOX, participou da série “Um Contra Todos”, de Breno Silveira. No Globoplay, protagonizou a série “A Divisão”. Em 2019, ele dirigiu a série “O Dono Do Lar” para o canal Multishow.

 

 

 

 

 

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