“NA LINHA DE FRENTE” HOMENAGEIA PROFISSIONAIS DA SAÚDE, MAS ESBARRA NO RACISMO.

Por Celso Sabadin.

“Na Linha de Frente” é, no mínimo, polêmico. Por um lado, pretende prestar uma homenagem aos profissionais da saúde (tão em evidência de 2019 para cá), através dos colegas de ambulância Isabelle (Clotilde Hesme) e Adamo (Adamo Dionisi).  Ambos se envolvem numa delicadíssima e tensa situação ao socorrer Eden (Adam Amara), um adolescente vitimado por uma tragédia numa escola de Bruxelas.

Porém, por outro lado, o filme enfatiza e reforça a tão difundida visão preconceituosa contra os muçulmanos, narrativa que tem sido das mais frequentes em produções europeias recentes: os personagens árabes só entram na trama como fanáticos religiosos, assassinos covardes ensandecidos por Alá, enquanto os europeus posam de “white saviors”. Há inclusive um momento do filme em que Adamo, italiano residente na Bélgica, perde a paciência com o jovem muçulmano e faz um rápido e equivocado discurso defendendo a receptividade da Europa para com os imigrantes… o que está bem longe de ser verdade.

Uma breve pesquisa na ficha técnica do filme revela que o diretor (Alessandro Tonda) e os roteiristas (Davide Orsini e Federico Sperindei) são italianos, e a produção é ítalo-belga.

Cinematograficamente, “Na Linha de Frente” é bastante competente. O clima de suspense e tensão é forte e intermitente, a eficiente construção dos personagens provoca a empatia com o público deste os primeiros instantes e, à exceção de um esquisito plano geral de uma estranha explosão, é tecnicamente irrepreensível.

O longa está disponível em www.cinemavirtual.com.br