NADA, NO RECENTE OSCAR, CHEGA PERTO DA FORÇA E DO VIGOR DE “FORÇA MAIOR”.

Por Celso Sabadin.

Entre tudo o que vi recentemente entre candidatos e candidatos a candidatos ao prêmio Oscar, nada me impressionou tanto como “Força Maior”. Aliás, poucas vezes diante de um filme me senti tão exasperado como neste. ‘Exasperador” é a palavra que melhor o define. Pode-se até dizer que “Força Maior” seja um filme de terror. Não o terror banal de fantasmas e casas mal assombradas, mas o horror que causa a impotência humana diante da grandiosidade das forças da natureza, que podem ser tanto belas quanto desesperadamente devastadoras. E não apenas devastadoras no sentido físico da palavra.

Trata-se de um filme no qual é bobagem fazer sinopse. Sim, há uma família numa estação de esqui, sim há uma situação de perigo, sim há reações controversas que causam crises familiares. Sim, discutem-se medos, responsabilidades, papéis, aspirações e decepções pessoais. Mas é até bobagem ficar aqui diluindo verbalmente tais conceitos, diante da grandiosidade da força cinematográfica que o diretor e roteirista sueco Ruben Östlund conseguiu colocar em sua obra.

Fazia um bom tempo que eu não bebia com tanta intensidade o verdadeiro conceito da palavra Cinema. Em “Força Maior”, a imponência das imagens se mistura a um precioso trabalho de som, onde explosões e trovões se mesclam a um Inverno de Vivaldi que dificilmente será esquecido. Onde a pequenez do ser do ser humano é exposta em toda a sua fragilidade.

Enquanto muitos se encantam com a câmera circense e mirabolante de Iñarritú em “Birdman”, Östlund criou um dos momentos mais impressionantes dos últimos anos no cinema mantendo sua câmera absolutamente estática na cena da avalanche de “Força Maior”, levando para a plateia toda a sensação de perplexidade e imobilidade que a dramaticidade da cena exige.

“Força Maior” foi o representante da Suécia no Oscar de Filme Estrangeiro. Ficou entre os 9 finalistas mas não ganhou. Porque, afinal, levar o Oscar a sério é uma fria maior que a dos personagens soterrados na neve.  E seus personagens não são judeus.