“NAZINHA OLHAI POR NÓS” EXPÕE CRISE PENITENCIÁRIA.

Por Celso Sabadin.

Às vésperas do Círio de Nazaré, uma das maiores festividades católicas do mundo, quatro presidiários aguardam por um indulto especialmente concedido para aqueles que desejam celebrar Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da cidade de Belém.

A princípio, “Nazinha Olhai por Nós” se comporta-se como um documentário bem convencional e clássico, bastante no estilo GloboNews, mas aos poucos conquista corações e mentes do espectador com as cativantes histórias de seus personagens.

Mas o que chama a atenção mesmo é o impressionante excesso de catolicismo em todo o filme. É deus pra cá, deus pra lá, um baita quadro de Cristo na sala da diretora do presídio, padre pra lá, padre pra cá, missa, imagens, uma overdose de “Deus é quem sabe”, etc. É tanto catolicismo/cristianismo junto que até agora eu não saberia dizer se trata-se de uma crítica ou de uma proposta narrativa.

No final (não é spoiler), a impactante denúncia que 40% dos mais de 800 mil presidiários brasileiros (a terceira maior população carcerária do mundo) ainda aguardam decisões em suas sentenças.

Com direção de Belisario França e roteiro de Ismael Machado, Yan Motta e do próprio diretor, “Nazinha Olhai por Nós” fecha a ótima e importante “Trilogia do Silenciamento” do diretor, composta pelas produções “Menino 23” (2016) e “Soldados do Araguaia” (2017). O filme entra em cartaz no TvoD (NOW, Google Play e iTunes) dia 6 de maio, e estrela no Canal Brasil três meses depois. A data da estreia na Globonews será divulgada em breve.