NEM “TUDO VAI FICAR BEM” NO NOVO FILME DE WIM WENDERS.

Por Celso Sabadin.

Como falar, sem dar spoiler, de um filme que tem seus primeiros 20 minutos magistralmente construídos? Puro cinema, pura emoção. A solidão na neve, o susto, o alívio, o desespero, a construção maravilhosa de uma cena sobre a qual o público não deveria saber absolutamente nada. Eu mesmo aqui falando que o momento é cinematograficamente divino já estou estragando parte do impacto.

É com estes soberbos 20 minutos que começa “Tudo Vai Ficar Bem”, uma coprodução entre Alemanha, Canadá, França, Suécia e Noruega dirigida pelo mestre Wim Wenders, do clássico “Paris, Texas”.

Passado o impacto inicial, “Tudo Vai Ficar Bem” aposta suas fichas na tensão. Uma tensão sufocante, ampliada pela câmera que flana elegantemente em lentos e seguros travellings comandados pelo sempre hábil Wenders. Tudo sem dúvida muito elegante, mas com um grave porém: a trama não se sustenta, o filme vai caindo gradativamente de interesse, acaba se tornando até aborrecido, e desmancha no ar. Continua elegante, mas não se segura.

E a causa, contrariando os detratores do ator, não chega a ser de James Franco, que interpreta o protagonista consumido por uma monumental e incurável culpa. Ele não faz feio ao lado de duas presenças marcantes como Rachel McAdams e Charlotte Gainsbourg. A questão se divide mesmo entre o roteiro de Bjørn Olaf Johannessen e a própria direção de Wenders, que aqui não conseguiu manter a qualidade do magistral início.

A estreia é nesta quinta, 10 de março.