NO VIGOROSO “JIMMY´S HALL”, KEN LOACH LUTA NOVAMENTE CONTRA A INTOLERÂNCIA.

Por Celso Sabadin.

A história se passa em 1932, numa Irlanda pós-Guerra Civil, e num mundo abalado pela Grande Depressão de 1929. Mas, na verdade, este pano de fundo histórico-social importa menos diante da grandeza, da atemporalidade e da universalidade do tema abordado por “Jimmy ´s Hall”: o medo provocado pela liberdade.

Liberdade, aliás, que é um dos temas favoritos de Ken Loach. Diretor de obras importantes e premiadas como “Pão e Rosas”, “Terra e Liberdade” e “A Parte dos Anjos”, Loach narra aqui a história de Jimmy Gralton (Barry Ward), um jovem libertário irlandês que volta à sua cidade natal após um exílio de dez anos nos Estados Unidos. É ali que ele decide reabrir o “Hall”, um grande salão onde a população local tem a chance de praticar o magnífico conceito de liberdade. No salão, as pessoas podem dançar, pintar, desenvolver diversas atividades artísticas, aprender, enfim, viver. Como não poderia deixar de ser, setores mais conservadores do lugar começam a combater este espaço que, em última instância, tem o potencial de criar felizes pensadores e, consequentemente, poderosos questionadores, coisa que o poder constituído não pode permitir. Seja na Irlanda de 1932, ou em todos os lugares em todos os tempos. Fundamentando-se em factoides políticos, perigos imaginários ou simplesmente em puras demonstrações de intolerância explícita, a igreja, os latifundiários, e todos o que se arvoram como donos do poder irão exercer uma violenta oposição ao salão de Jimmy.

A partir de acontecimentos reais, “Jimmy´s Hall” foi roteirizado por Paul Laverty, habitual colaborador de Loach, que por sua vez baseou-se na peça de Donal O´Kelly. Vibrante e apaixonante, o filme concorreu à Palma de Ouro em Cannes.