“NOITES DE REIS” É UM PEQUENO FILME SOBRE UMA GRANDE DOR.

É um pequeno filme sobre uma grande dor. “Noites de Reis”, do carioca Vinícius Reis, trata do sempre delicado tema da perda com a delicadeza que o assunto requer.

O pano de fundo é a festa da Folia de Reis, época onde palhaços e músicos dançam, cantam e entoam poesias pelas ruas da sempre fotogênica Paraty. O clima festivo contrasta com a dor da professora Dora (Bianca Byghton, a clássica “Garota Dourada” de 1984), que tenta administrar sua vida após a morte do filho. Se, nas ruas, os ”Reis” fantasiam e comemoram o nascimento de Cristo, na vida, a protagonista tenta sobreviver à morte de seu Lucas.
O surgimento de um novo homem e o ressurgimento de um antigo vão redefinir os caminhos de Dora.

Depois de demonstrar talento e sensibilidade em “Praça Saens Peña”, seu trabalho anterior, o diretor que tem o mesmo sobrenome de seu filme volta a exibir aqui um bem-vindo estilo intimista e autoral. São olhares, pausas e respirações silenciosas que constroem o clima denso do luto, ao mesmo tempo em que acena, ainda que timidamente, com a possibilidade de uma reconstrução. Reconstrução que pode, simbolicamente ou não, vir das mãos de um especialista em restaurações.

Despretensioso, simples e contundente, “Noites de Reis” entra timidamente num circuito que anda se especializando em devorar bons trabalhos. Veja antes que acabe.